16 de set. de 2008

Ensaio sobre o Instinto


Ontem esqueci que sou humano.
Vasculhei o lixo de casa em busca de restos, arrastando uma lata velha presa em meu rosto. Aventurei-me em busca da rua, urinando na porta dos vizinhos para demarcar meu território. Após enterrar a lata em lugar seguro e secreto, persegui os carros que passavam, quebrando parte da dentadura e, provavelmente, a bacia ao alcançar um deles.
À tarde, voltei à minha toca, juntando-me aos membros da diretoria para entrevistar os candidatos a vaga de estagiário-vilão. Deixo aqui meus mais notórios respeitos àqueles que persistiram. Sim, sou mau! Mas mesmo os maus choram! Lati impropérios a todos, agarrei-me as pernas desnudas de uma candidata... cheguei mesmo a urinar em alguns.
À noite, Helza, acertou-me com um dardo, enquanto uivada para a caixa de som, jogando-me no tanque da lavanderia. Banho e tosa. Admito que não aprovei o corte de cabelos em tufos, como grandes cogumelos... nem da barba dividida em três tranças com topes... mas Helza arremessou-me um olhar sinistro quando cocei a barba com o pé, achando eu, por mim, que seria mais sensato deixá-lo ali.
Incólume.
... esta mulher destila maldade!

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