14 de set. de 2008

Ensaio sobre a Preguiça


Ontem esqueci meu nome... por três vezes.
Lembrei-me enquanto esperava na fila do mercado. Desodorante, algumas maçãs e chinelos novos. Gritei alto, para acelerar o processo de retenção da lembrança. Um senhor de cabelos alvos como neve, estatura muito abaixo da média e óculos de lentes grossas sorriu para mim.
"Memória updated? Fiz o mesmo download hoje à tarde, mas busquei o arquivo na minha carteira." disse ele com uma gargalhada repleta de expectorações e balançando uma identificação amarelada entre os dedos trêmulos.
"Sempre acontece... pelo que lembro. Os neurônios no meu hemisfério esquerdo rebelaram-se e agora o cérebro inteiro encontra-se em guerra civil." expliquei num tom displicente enquanto pagava a conta.
Caminhei lentamente, perdido em meus devaneios sobre a conquista do planeta e a reforma da cozinha. Minha mansão, uma torre de estrutura gótica, com uma nuvem de tempestade eternamente jogando raios e flatulando trovões sobre o cume. Joguei o uniforme no cesto de roupa suja e xinguei a doméstica por não encerar o chão. A correspondência sempre a mesma... contas, contas, Informativo do Sindicato de Vilões, ameaças de heróis inciantes e mais contas.
Ah, maldita e tediosa vida de super vilão.
Hoje vou apenas beber até cair. Está muito quente para maldades.

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